Governador do Amazonas e políticos do norte exigem comprometimento para a pavimentação da BR-319

Visita e entrevista coletiva do vice-presidente da república, Geraldo Alckmin Fotos: Alex Pazzuelo/ Secom
Visita e entrevista coletiva do vice-presidente da república, Geraldo Alckmin Fotos: Alex Pazzuelo/ Secom

Em uma manhã decisiva em Brasília, o Palácio do Planalto se tornou palco de intensas discussões políticas e ambientais. O foco da reunião era a polêmica BR-319, uma rodovia que corta a densa floresta amazônica, ligando as cidades de Manaus e Porto Velho. Tudo isso em meio a uma seca histórica que assola a região.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, liderou uma comitiva composta por parlamentares da bancada do estado, que desembarcou na capital federal na última quarta-feira (18), com um objetivo claro: pressionar o governo federal pela pavimentação da BR-319. A comitiva teve a oportunidade de se reunir com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e sete ministros: Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Marina Silva (Meio Ambiente) e Waldez Góes (Integração Regional).

Comprometimento Político para uma Rodovia Polêmica

Wilson Lima, governador do Amazonas, expressou a necessidade de um comprometimento político por parte do governo federal. Ele questionou se há uma determinação real do governo para a pavimentação da BR-319. Em suas palavras, “É complexo. Mas é impossível? Não é impossível. Então é necessário que seja garantido o direito básico do cidadão do estado do Amazonas.”

Os defensores da pavimentação argumentam que essa medida é essencial para reduzir o isolamento de moradores dos estados do Amazonas e Rondônia. O período de seca severa que assola a região torna a questão ainda mais urgente.

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A pressão pela pavimentação começou a ganhar força quando o vice-presidente Geraldo Alckmin visitou a região no início do mês e anunciou a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para analisar o empreendimento. A reunião no Planalto nesta quarta-feira também abordou as medidas do governo para combater a crise no Amazonas.

Recursos para Enfrentar a Crise

Alckmin revelou um conjunto de medidas anunciadas pelo governo, que totalizam R$ 647 milhões em verbas. Esses recursos abrangem desde R$ 138 milhões destinados a dragagens nos rios Solimões e Madeira até R$ 100 milhões em emendas que serão antecipadas, atendendo ao pedido dos parlamentares.

Controvérsia e Desafios Ambientais

No entanto, a pavimentação da BR-319 continua sendo uma questão altamente controversa. Em julho de 2022, o então presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, emitiu uma licença prévia para a pavimentação do trecho do meio da BR-319, compreendendo uma extensão de 405,7 quilômetros, entre os quilômetros 250 e 655,7.

O Observatório BR-319, uma rede composta por organizações da sociedade civil, pesquisadores e associações indígenas, emitiu um posicionamento contrário à concessão da licença prévia em 2022. O grupo alegou que o processo desconsiderou etapas essenciais, especialmente a consulta às populações indígenas de cinco territórios e comunidades ribeirinhas e extrativistas diretamente impactadas pela obra.

O debate em torno da BR-319 continua a envolver políticos, ambientalistas e comunidades locais, enquanto a região amazônica enfrenta desafios crescentes decorrentes da seca histórica. A decisão do governo federal permanece no centro das atenções, uma vez que o destino da rodovia e seu impacto na Amazônia continuam a ser discutidos em meio a preocupações ambientais e sociais.