Exportações brasileiras para a China crescem 28,6% entre agosto e novembro, compensando o impacto do tarifaço americano, aponta Icomex


Em meio a tensões comerciais com os Estados Unidos, o Brasil manteve o seu ritmo de exportação impulsionado pela China. Dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado pelo Ibre/FGV, mostram que as exportações para a China avançaram 28,6% no período de agosto a novembro, na comparação com o mesmo intervalo de 2024. Já as vendas para os EUA recuaram 25,1% no mesmo compasso, revelando um deslocamento significativo na pauta externa brasileira e destacando o papel da China como contrapeso às perdas provocadas pelo tarifasso americano.


China, principal destino e força de compensação para o comércio brasileiro

O estudo aponta que a China permanece como o principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por cerca de 30% de todas as exportações nacionais. Esse peso ajuda a mitigar a forte queda observada nos embarques para os Estados Unidos desde o início de agosto, quando entraram em vigor sobretaxas que atingem diversos produtos brasileiros. O impacto positivo nas exportações para a China não fica apenas nos valores: o volume de vendas também acompanhou a recuperação, com crescimento de até 30% na prática de embarques destinados aos portos chineses.


Preço, volume e o nó da composição: por que o valor sobe mesmo com variação de volumes

Especialistas destacam que o comportamento divergente entre valor e volume reflete mudanças na composição dos produtos exportados. Embora o volume tenha crescido para a China, os preços médios de alguns itens exportados ao país acompanharam variações menores, o que ajuda a explicar por que o desempenho em valor não se limita à simples relação com o volume. Em contrapartida, o recuo expressivo nas exportações para os EUA está associado a uma combinação de tarifas mais altas e escolhas de mix, com impactos visíveis nos números de valor, mesmo quando alguns setores tentam manter posição por meio de renegociação de preços.

No acumulado até novembro, o total das exportações brasileiras avançou 4,3% frente aos 11 meses de 2024, sinalizando que o crescimento global ainda depende de como o comércio se reorganiza diante de tarifas e de novas condições de demanda interna. A soja tem figurado entre os itens que ajudaram a sustentar o movimento de recuperação para a China, especialmente após o segundo semestre, quando o embarque para aquele destino ganhou fôlego.

O estudo também aponta que, mesmo diante do cenário externo complicado, a China tem permitido uma recuperação parcial da pauta externa do Brasil, com participação expressiva no fluxo de comércio. Por outro lado, o desempenho para Argentina — segundo maior parceiro comercial do Brasil — também mostrou avanços, ainda que não suficiente para neutralizar completamente os efeitos das sobretaxas norte-americanas.

Com informações da Agência Brasil.