EUA e Paraguai assinam acordo que autoriza atuação militar americana no país e acende debate sobre soberania regional


Um acordo assinado entre representantes do governo dos Estados Unidos e do Paraguai cria uma base jurídica para a presença temporária de militares e pessoal de defesa americanos em solo paraguaio, ampliando possibilidades de treinamentos conjuntos, assistência humanitária e resposta a desastres — e reavivando discussões sobre influência externa e soberania na região.


O que o acordo prevê

Tratado como um Acordo de Estatuto de Forças, o texto define direitos, responsabilidades e o status legal de militares e civis do país estrangeiro enquanto estiverem no Paraguai. Na prática, a norma facilita a realização de exercícios conjuntos, operação de equipes de apoio em emergências e intercâmbio logístico, mas não implica automaticamente a criação de bases permanentes.


Autoridades americanas afirmaram que o pacto vai fortalecer a cooperação bilateral em áreas como capacitação militar, ajuda em catástrofes e operações multinacionais. Em mensagem oficial, os signatários disseram também acreditar que o acordo contribuirá para estabilidade e prosperidade conjuntas.

Contexto estratégico e regional

A assinatura ocorre pouco depois da divulgação, por Washington, de uma nova orientação estratégica que destaca a América Latina como prioridade de interesse. O documento norte-americano propõe reforçar presença naval e da guarda costeira para controlar rotas marítimas, combater tráfico e gerenciar fluxos migratórios, além de ampliar acessos a pontos de importância estratégica.

Analistas apontam que a medida se insere em uma visão mais ampla de ajuste da presença militar global dos EUA, que busca concentrar recursos em áreas consideradas críticas. Para críticos, a linguagem e os objetivos evocam tradições de política hemisférica que historicamente suscitam receios sobre interferência externa.

Reações e principais desafios

O pacto foi recebido com avaliações divergentes: defensores realçam ganhos em capacidade de resposta a crises e treinamento; opositores alertam para riscos à autonomia decisória do Paraguai e à percepção de reaproximação dos Estados Unidos à região. Movimentos sociais e setores políticos que defendem maior controle nacional sobre território e recursos podem intensificar críticas ao acordo.

Além do debate político, ficam questões práticas: duração e modalidades de presença, salvaguardas para atuação em operações internas, e transparência sobre locais de acesso e cooperação logística. Especialistas também destacam a importância de cláusulas claras sobre responsabilidade jurídica, incidência de legislação local e mecanismos de monitoramento.

O que vem a seguir

Nos próximos meses, será observada a implementação operacional do acordo — quando e como ocorrerão treinamentos e quais unidades terão acesso — e a reação doméstica no Paraguai e na região. A conduta das partes e a comunicação pública serão determinantes para a aceitação do pacto e para o impacto geopolítico na América do Sul.