Muitas mulheres que vivenciam algum ciclo de violência doméstica necessitam de apoio que vai além da ajuda de familiares ou de amigos. Atendendo este público, o Governo do Amazonas tem ofertado auxílio psicossocial, jurídico e pedagógico por meio do Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (Cream), ligado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc). Com a pandemia, as atividades continuaram de forma remota e domiciliar.
O acolhimento é feito pelas profissionais do projeto Nova Rede Mulher para mulheres que registram Boletim de Ocorrência (BO) como vítimas de violência, que são encaminhadas pela justiça ou que já são cadastradas na Sejusc. No último mês de janeiro, o Cream registrou 379 acompanhamentos, entre videochamadas e visitas domiciliares.
A coordenadora do Cream, Giselle Postal, destaca que, embora a pandemia tenha afetado as atividades, a continuidade do serviço é essencial para que as mulheres se sintam seguras e apoiadas.
“O Cream precisou se adaptar a essa nova realidade. As nossas mulheres que são acompanhadas precisam se manter no trabalho, ser acompanhadas. A gente percebe um aumento de casos de mulheres vítimas de violência nessa pandemia. Costumamos dizer que os direitos não estão em quarentena. Mulheres, os seus direitos não estão em quarentena”, disse ela.
Atendimento domiciliar
Na visita domiciliar agendada pelas equipes, as assistentes sociais e psicólogas do Cream verificam in loco as condições da vítima e os desdobramentos daquele ciclo de violência. É o momento em que profissionais escutam os relatos e encaminham a mulher para os serviços do Nova Rede Mulher, incluindo ajuda psicológica, jurídica e acesso aos programas sociais.
A assistente social Adriana Ribeiro afirma que, além dos serviços, todas as mulheres passam a compreender que podem contar com o Governo do Estado para retomar a vida em segurança.
“Elas se sentem superbem. Quando elas são encaminhadas para o nosso grupo de psicólogos, elas relatam umas para as outras o que passaram e se libertam daquele sentimento, entendendo que elas podem recomeçar do zero, de cabeça erguida. Não estamos aqui para julgar ninguém e sim ajudar elas a se reerguerem”, disse Adriana.
Recomeço
Há dois meses a autônoma Suzana (nome fictício) se separou do marido, após viver um ciclo de violência que resultou em uma ameaça de morte na residência onde morava. Ela trocou de endereço para garantir que o homem não a encontrasse e busca desde então recomeçar a própria vida.
Pela primeira vez, Suzana recebeu as equipes do Cream no atendimento domiciliar. Segundo ela, o serviço encoraja outras vítimas a buscarem seus direitos e saírem desta fase.
“Com certeza muitas mulheres não falam porque acham que não terão apoio. Para mim está sendo gratificante recebê-los aqui, não só agora, mas desde quando registrei o Boletim de Ocorrência. Não quero o mal dele (ex-marido), mas acho que a justiça tem que ser feita”, disse a vítima.
Suzana aconselha outras mulheres que viveram ou continuam sendo vítimas de violência. “Hoje eu tenho meu amor próprio. Eu ainda amo ele, mas se ele chegasse aqui pedindo perdão, eu diria não. O recado é que elas nunca deixem que o amor cego ultrapasse o amor próprio, porque ninguém muda ninguém. Nem que você ame da forma que eu amei, não muda”.
Denúncias
Além do Cream, a Sejusc mantém o Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (Sapem) que é a porta de entrada dos serviços, com atendimento social, psicológico e jurídico, condução de vítimas ao Instituto Médico Legal (IML), busca de pertences e acolhimento provisório.
A coordenadora reforça que o Sapem disponibilizou alguns canais de atendimento para que as assistidas possam ter acesso às redes de serviços de proteção à mulher. Os números para contato são: (92) 98449-4422, 98469-9366, 98460-7366, 98436-4761, 98460-6899 e 98483-6488.
Com informações da assessoria