
Em setembro de 2025, o Nepal viveu uma revolta que mobilizou milhares de jovens da Geração Z, cuja frustração nasceu da percepção de uma distância cada vez maior entre a ostentação exibida pela elite e a pobreza enraizada na maioria da população. O levante, que derrubou o governo, mostrou como a combinação de desigualdade, redes sociais e mobilização digital pode transformar descontentamento em ação coletiva de forma rápida e imprevisível.
Contexto: desigualdade que alimenta o descontentamento jovem
Dados do Banco Mundial ilustram a distância entre classes: o 10% mais rico do país acumula renda muito acima da dos 40% mais pobres. Esse desequilíbrio é apontado como um dos principais motores de mobilização entre jovens nepaleses, que veem poucas oportunidades reais de ascensão econômica e social em meio a sinais públicos de ostentação de autoridades.
O papel das redes sociais e o debate sobre os “nepo kids”
Imagens e vídeos exibindo o estilo de vida de filhos de autoridades circulavam pelo TikTok e outras plataformas com o rótulo #nepokids, canalizando a indignação para um discurso público. O governo bloqueou redes sociais sob a alegação de desinformação, o que, segundo ativistas, foi visto como uma tentativa de silenciar o movimento anticorrupção e manter famílias afastadas do escrutínio público. Mesmo com o bloqueio, jovens migraram para serviços disponíveis no país, mantendo a coordenação online.
De protestos à mudança de governo: a escalada e os desdobramentos
Durante as manifestações, prédios governamentais e casas de ministros foram incendiados; autoridades foram confrontadas pela multidão. A renúncia do primeiro-ministro abriu espaço a um gabinete interino, ainda que a instabilidade política tenha persistido e com presença militar nas ruas. O movimento continua a exigir reformas, resposta a abusos e uma renovação institucional mais ampla.
Impacto regional e lições para o futuro
Com o país em transição, a mobilização da Geração Z no Nepal repercute em outras regiões onde jovens também desafiam elites e criticam desigualdades históricas. A experiência ressalta o papel da tecnologia como acelerador de protestos, mas também a fragilidade de governos quando não respondem a demandas legítimas. A história recente indica que a relação entre governança, transparência e participação online tende a moldar cenários políticos nos próximos anos.





