
Na gestão do prefeito David Almeida (Avante), a Prefeitura de Manaus gastou impressionantes R$ 42 milhões com serviços de pintura em áreas públicas da cidade, como calçadas, passarelas e ciclovias. Enquanto a administração defende esses gastos como parte de um esforço para revitalizar a cidade, muitas críticas têm surgido sobre a real necessidade e a prioridade de tais investimentos.
Oportunidade perdida: educação e saúde prejudicadas
A quantia de R$ 42 milhões desperta questionamentos sobre o que poderia ter sido feito com esse valor em setores mais críticos. Por exemplo, segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o custo médio de construção de uma creche do tipo “Proinfância” — que atende cerca de 188 crianças — é de R$ 3 milhões. Isso significa que, em vez de pintar calçadas e passarelas, a Prefeitura poderia ter construído 14 novas creches. Manaus enfrenta um déficit significativo na oferta de vagas para a educação infantil, e esse investimento teria gerado um impacto profundo para centenas de famílias da capital.
Na área da saúde, a situação é igualmente alarmante. O custo estimado para a construção de um hospital municipal de pequeno porte, com estrutura básica e equipamentos necessários, gira em torno de R$ 10 milhões. Com os R$ 42 milhões gastos em tintas, seria possível construir até quatro hospitais, levando atendimento médico a regiões carentes e desafogando a superlotação das unidades existentes. A população de Manaus sofre com a escassez de leitos e a longa espera por atendimentos, e investimentos estruturais na saúde poderiam ter sido uma solução efetiva.
Gasto com tintas e a justificativa da prefeitura
A Prefeitura de Manaus iniciou os contratos de pintura em 2023, destinando R$ 26 milhões para serviços de pintura e tintas especiais para as Secretarias Municipais de Saúde (Semsa) e de Educação (Semed). O objetivo era pintar prédios e utilizar tintas “tecnológicas” para controle de insetos. No entanto, essa prioridade levanta dúvidas, especialmente considerando as demandas urgentes em outras áreas. A prefeitura ainda planeja investir mais R$ 16,2 milhões em tintas e serviços de pintura para outras secretarias, como a de Limpeza Pública (Semulsp) e a de Infraestrutura (Seminf).
Fontes: Portal de Notícias D24am – Amazonas e O Convergente
Prioridades equivocadas?
Os gastos da Prefeitura de Manaus com tintas refletem um aparente descompasso entre a necessidade de serviços básicos e as escolhas orçamentárias da gestão atual. Enquanto os recursos são alocados para embelezar a cidade, milhares de manauaras enfrentam desafios diários com a falta de vagas em creches, unidades de saúde superlotadas e carência de hospitais nas regiões mais distantes da capital.
Os R$ 42 milhões poderiam ter sido direcionados para obras que realmente transformariam a qualidade de vida da população. Seja na construção de creches, hospitais, ou até em projetos de infraestrutura mais urgentes, o investimento em tinta parece desproporcional frente às necessidades reais da cidade. O questionamento que fica é: qual o real impacto que essa gestão pretende deixar, e quem realmente se beneficiará das ruas e calçadas pintadas, se as demandas mais essenciais continuam sem solução?