A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia falou sobre a pandemia da Covid-19 nesta segunda-feira (8) e disse que mortes poderiam ter sido evitadas se houvesse mais “solidariedade das pessoas entre si e dos governantes”. Com informações do G1.
O Brasil vive o pior momento da pandemia. Nas últimas 24 horas foram registradas 1.054 mortes pela Covid-19 e o total chegou a 265.500 óbitos. No Dia Internacional da Mulher, Cármem Lúcia participou do evento “Por mais igualdade”, promovido pela Academia Brasileira de Direito Constitucional. Para a ministra, o país está de luto.
“Estamos todos de luto em uma sociedade em que a morte, em grande parte, poderia ter sido evitada, os cuidados deveriam ter sido muito maiores, exatamente por falta de solidariedade das pessoas entre si, dos governantes, daqueles que negaram o ser humano na sua dimensão maior que é o de responder pelo outro, ser responsável pelo outro, ser responsável por si mesmo e querer o bem do outro verdadeiramente com ações”, disse Cármen Lúcia.
A ministra também comentou como as desigualdades criam diferentes realidades dentro da pandemia e disse que “estamos na mesma tempestade, no mesmo barco não”.
“Esse período de pandemia, mostrou bem, ou mostrou mal que nós estamos em uma sociedade em que a desigualdade acomete as pessoas de maneira extremamente perversa. Eu escutei com muita frequência que estamos no mesmo barco desta vez e eu sempre corrigia quem me dizia, ‘não, estamos na mesma tempestade, no mesmo barco não’, disse.
Carmém Lúcia relatou que considera “impressionante” o Brasil ainda ter “tantas formas de desigualdade” mesmo após mais de 30 anos de vigência da Constituição Federal.
“É impressionante que mais de 32 anos depois do início de vigência dessa constituição a gente continue a ter tantas formas de desigualdade, por exemplo, contra a mulher e não é só contra mulher, é contra o negro, é contra o mais pobre, é contra aquele que não recebeu educação em condições de aprimoramento suficiente, é contra os gays, enfim, contra deficientes, a formulação, portanto de preconceito na sociedade brasileira e a prática discriminatória e ilegítima ainda é muito grande”, afirmou.
A ministra disse ainda que “vivemos tempos de virulência e de muita intolerância” e que é necessário que se crie “um espaço de paz social”.
“Vivemos tempos de muita virulência, de muita intolerância. Eu sempre digo que o outro não é o céu nem o inferno. Céu e inferno a gente acha dentro de cada um de nós, mas é preciso que a gente construa um espaço de paz social e de garantia de respeito aos direitos de todos de forma igual para todos”, disse a ministra.