Um gato-mourisco, espécie rara e ameaçada de extinção, foi flagrado recentemente pelas câmeras de segurança em uma área próxima à Usina Hidrelétrica Belo Monte, localizada em Vitória do Xingu, no Pará. A aparição surpreendeu especialistas, pois o animal é conhecido por seu comportamento extremamente arisco e por evitar locais com presença humana.
A espécie, classificada como vulnerável pelo Ministério do Meio Ambiente, tem sofrido impactos significativos devido ao desmatamento, queimadas e caça predatória. A presença do felino na região reforça a importância das ações de preservação ambiental realizadas no entorno da usina.
O gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi), conhecido também como gato-preto, é frequentemente confundido com a onça-preta ou puma, devido à sua coloração escura e porte alongado. Um adulto pode atingir até 77 centímetros de comprimento, chegando a pesar entre 3 e 7 quilos, cerca do dobro do tamanho de um gato doméstico comum.
Sua alimentação é composta por pequenas presas, como aves, répteis, roedores e outros pequenos mamíferos. O animal possui hábitos predominantemente diurnos e é encontrado desde a Argentina até o México, vivendo em habitats variados que incluem as densas florestas tropicais.
Roberto Silva, gerente dos meios físico e biótico da Norte Energia, empresa responsável pela hidrelétrica Belo Monte, destacou a importância deste registro: “A observação de espécies ameaçadas nas áreas de preservação ambiental da usina é muito positiva. Isso indica que esses animais têm condições adequadas para sobrevivência, como disponibilidade de alimento, água e florestas preservadas. É um forte indicativo da saúde ambiental da região”.
A usina é circundada por uma Área de Preservação Permanente (APP) de 26 mil hectares, aproximadamente o tamanho de 25 mil campos de futebol. Desde 2012, período inicial da implantação de Belo Monte, a empresa mantém um rigoroso monitoramento da fauna local. Até hoje, já foram registradas 825 espécies durante campanhas de campo, incluindo anfíbios, répteis, aves, mamíferos de médio e grande porte, além de morcegos.
A presença do gato-mourisco se junta a outros importantes bioindicadores ambientais, como a onça-parda, onça-pintada, jaguatirica e ariranha, demonstrando o sucesso das iniciativas de conservação e a importância contínua da preservação desses espaços naturais.
