Braga Netto alterou texto sobre golpe de 1964, e disse que data devia ser celebrada

O general Walter Braga Netto, ao assumir a cadeira no Ministério da Defesa, decidiu alterar a ordem do dia sobre o golpe militar de 31 de março de 1964, que havia sido escrita pelo seu antecessor, o general Fernando Azevedo e Silva, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na segunda-feira (29). As informações são da Folha.

Ao contrário do que previa a versão anterior do documento, Braga Netto escreveu que a data deve ser “celebrada” como um marco da história. O novo ministro também excluiu um trecho que discorria sobre as Forças cumprirem função de instituição de Estado. De acordo com a Folha, aliados de Azevedo consideraram que as alterações foram simbólicas e que acenam para Bolsonaro.

“O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, diz a ordem do dia publicada na terça-feira (30), assinada por Braga Netto.

Ainda segundo a Folha, tradicionalmente o texto é apresentado ao presidente pelo ministro da Defesa, e era uma das pautas que seriam discutidas entre Azevedo e Bolsonaro na reunião de segunda-feira, na qual o então ministro da Defesa acabou demitido.

Nesta quarta-feira (31), dia do aniversário do golpe que deu início à ditadura militar em 1964, que perdurou por 21 anos, até 1985, Bolsonaro criticou o Congresso por ter aprovado, em 2013, um projeto de resolução que anulou a sessão legislativa que destituiu o presidente João Goulart.

“Em abril/2013 o Congresso anulou a sessão de 02/abril/64, que destituiu o Presidente João Goulart”, recordou Bolsonaro. O presidente afirmou no tuíte que não discute a História, mas que “verdadeiros democratas não apagam fotos ou fatos”. “Deus abençoe o Brasil e guarde nossa liberdade!”, postou, ao finalizar a mensagem, acompanhada de uma foto antiga de Bolsonaro com farda do Exército.

Mais cedo, Braga Netto afirmou que os militares “não faltaram no passado e não faltarão sempre que o País precisar”, ao oficializar as escolhas dos novos comandantes das Forças Armadas feitas por Bolsonaro.