O presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a lotação das unidades de terapia intensiva (UTIs) pelo país. O mandatário alegou que o alto número de pacientes internados não se deve apenas à covid-19, mas também a outros tipos de doenças. “Parece que só se morre de covid”, disparou a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada nesta quinta-feira (18). Com informações do Correio Braziliense.
O chefe do Executivo relatou ainda que um tio dele morreu no mês passado. Um dos bolsonaristas questionou se a causa era covid-19 e o presidente rebateu que havia feito o comentário para motivar a questão.
“Eu fiz aqui um comentário hipotético, qual a pergunta dele? Eu sabia que ia cair. ‘Morreu de covid?’ Parece que só se morre de covid. Você pode ver. Os hospitais estão com 90% da UTI ocupada. O que a gente precisa fazer? Quantos são de covid e quantos são de outras enfermidades. Lógico que a gente quer solução e lamenta qualquer morte”, emendou.
Em seguida, ele voltou a criticar a política de lockdown. “Agora, por que existiu o lockdown? Não era para alongar a curva, o pessoal não fala mais em alongar a curva. Não era para não ter uma grande quantidade de pessoas infectadas para não ficar gente na porta do hospital? Vocês estão vendo a população sofrendo por aí com o desemprego. Famílias pobres ficaram miseráveis”, apontou.
O mandatário ainda questionou os apoiadores se algum país no mundo conseguiu enfrentar de forma eficaz a pandemia. Segundo ele, “em todo local está morrendo gente” e alegou ser vítima de uma guerra política. O Brasil perdeu até agora mais de 280 mil vidas por conta da covid-19, beirando 3 mil mortes diárias pela doença.
Em seguida, comentou sobre a vacinação e disse que há empresas com problemas, como a AstraZeneca, cujo imunizante foi suspenso em países europeus como precaução após relatos de trombose. A relação com o uso da vacina, no entanto, ainda não está comprovada.
Bolsonaro também citou outro caso de uma empresa ainda sem comprovação pela Anvisa. “Igual tem, também não quero falar nome, não, tem uma outra empresa grande aí. Tem 20 milhões de doses para vender e não consegue vender. Daí, um cara falou comigo e eu falei: ‘Não posso, não posso não, não vou interferir na Anvisa, não mando na Anvisa. A Anvisa é uma agência, o pessoal tem autonomia lá’. Daí, liguei para um colega na Anvisa. ‘E essa vacina aí? Entraram com um papel aí?’. ‘Nenhum papel’. ‘Mas estão falando que vocês receberam papéis e não querem comprar as 20 milhões de vacinas’. ‘Presidente, não recebemos nada, o protocolo aqui está à disposição’, contou.
Ele caracterizou a oferta como lobby. “Agora, o mundo está precisando de vacina e por que outros países não compram esses 20 milhões de doses? Por que querem vender para nós sem certificação e sem nada? Isso é lobby que querem fazer? Comigo não vão fazer lobby”, emendou.
“Se eu compro antecipadamente e depois a Anvisa nega o registro, eu ia fazer o quê com 100 milhões de doses. Iam falar que eu fiz uma negociata, né?”, reclamou.