
O anúncio de que a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia ficará para janeiro marca mais um capítulo de uma negociação histórica que, mesmo após décadas de conversas, ainda não chegou à assinatura. A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou aos líderes do bloco que o pacto não será selado neste sábado e que a conclusão foi empurrada para o próximo ano, em meio a pressões entre Estados membros e setores produtivos.
França coloca salvaguardas no topo das exigências
O governo francês elevou o tom de oposição ao acordo, deixando claro que não apoiará o texto sem garantias claras para agricultores franceses. Em declarações antes de novas reuniões, o presidente Emmanuel Macron apontou que as contas não fecham com as regras propostas e que salvaguardas robustas para o setor agropecuário são conditionais para qualquer assinatura.
Países que defendem avançar com cautela
Por outro lado, Alemanha e Espanha adotaram uma posição mais pró ativa, defendendo que o processo avance. Oficialmente, eles argumentam que o pacto oferece vantagens estratégicas, como compensar impactos de tarifas em algumas áreas europeias, reduzir a dependência de fornecedores chineses e ampliar o acesso a minerais e mercados no bloco sul-americano.
Itália em posição de dúvida, mas aberta a assinar
A Itália, enquanto faz ressalvas, sinalizou disposição para apoiar o acordo caso as demandas apresentadas pelos agricultores italianos sejam atendidas pela Comissão Europeia e por outras autoridades, mantendo a porta aberta para a assinatura quando as condições estiverem esclarecidas.
Como funciona a aprovação e quais os próximos passos
A ratificação depende do Conselho Europeu, órgão que exige uma maioria qualificada para aprovar o tratado, indo além do simples entendimento no Legislativo. O pacote envolve não apenas itens agrícolas, mas também indústria, serviços e padrões regulatórios, o que aumenta a complexidade política. A expectativa inicial era de que o acordo fosse avançar rapidamente, com a possibilidade de von der Leyen viajar ao Brasil para a ratificação, o que, porém, não deve ocorrer neste ano.
Protestos de agricultores em Bruxelas e o peso político
Enquanto as discussões avançavam, milhares de agricultores de diversos países protestaram em Bruxelas contra a política agrícola da UE e a negociação com o Mercosul. Tratores foram mobilizados perto das instituições europeias, com incidentes e danos ocasionais registrando-se próximo ao Parlamento, evidenciando o quanto o tema mobiliza setores estratégicos da economia europeia.
Impacto para o Brasil e o Mercosul
No Brasil, o governo manteve um tom otimista, com o presidente Lula dialogando com líderes europeus sobre o andamento do acordo e ressaltando que a Itália pode alinhar-se ao pacto assim que as preocupações agrícolas forem devidamente respondidas. O desfecho desta decisão afeta não apenas a agenda comercial externa brasileira, mas também a visão estratégica do Mercosul no cenário global.





