
A demolição de um paifang chinês, símbolo da relação entre Panamá e China, foi ordenada pela prefeitura de Arraiján e executada na noite de sábado, no mirante da Ponte das Américas. Construída em 2004 para enfatizar a amizade entre os dois países, a estrutura foi removida como parte de um projeto de modernização do espaço público, segundo a prefeitura. A decisão gerou reação diplomática imediata: o governo chinês e a presidência panamenha classificaram o episódio como grave, enquanto autoridades locais defenderam critérios técnicos de segurança e preservação do patrimônio.
Reação oficial e investigação
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, determinou abertura de apuração para apurar responsabilidades e pediu que o Ministério da Cultura coordene a restauração do monumento no mesmo local. A prefeita de Arraiján, Stefany Peñalba, sustentou que a demolição atendeu a critérios técnicos, citando danos estruturais e riscos aos visitantes, e negou motivações políticas.
Contexto geopolítico: EUA, China e o Canal
O episódio ocorre em um momento de acirramento entre Washington e Pequim pela influência sobre o Canal do Panamá, via estratégica que concentra parte relevante do comércio mundial. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, tem feito declarações que elevam a pressão sobre a gestão da via. Além disso, mudanças em ativos logísticos no extremo do canal colocaram pressão sobre operadores estrangeiros: a Hutchison Holdings, de Hong Kong, está sujeita a venda de terminais para um consórcio liderado pela BlackRock, nos EUA.
Impacto diplomático e consequências para a relação bilateral
A embaixadora da China no Panamá, Xu Xueyuan, descreveu o episódio como um dia sombrio para a amizade sino-panamenha, destacando que a demolição pode influenciar a percepção de cooperação entre os dois países. Analistas locais apontam que a discussão expõe a fragilidade de símbolos de cooperação diante de disputas estratégicas e da disputa por influência na região. O Canal do Panamá, com cerca de 80 km, continua sendo um corredor crítico para o comércio global, e movimentos políticos que afetam a via costumam repercutir nos mercados e nas cadeias de suprimento.
Próximos passos
Autoridades prometem seguir com investigações e com a restauração do monumento, caso seja viável recuperá-lo no local original. Especialistas destacam que o episódio revela como decisões locais de gestão de espaços públicos podem dialogar com grandes questões de geopolítica, sobretudo em uma região onde o Canal permanece no centro de interesses estratégicos.





