Novembro mostra juros elevados no crédito pessoal e no cartão rotativo para famílias, ampliando o custo do crédito e o endividamento


Em novembro, famílias brasileiras enfrentaram um cenário de juros mais altos no crédito contratado, com o rotativo do cartão de crédito em 440,5% ao ano, o crédito pessoal não consignado em 106,6% ao ano e o crédito parcelado em 181,2% ao ano. O conjunto das concessões de crédito livre para famílias subiu 0,9 ponto percentual no mês, alcançando 59,4% ao ano, em meio a um ciclo de aperto monetário que eleva o custo de novas operações.


Selic, inflação e o peso do crédito no bolso do consumidor

O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, nível mais alto desde julho de 2006, como parte da estratégia de frear a inflação. A elevação da taxa básica encarece o crédito e estimula a poupança, o que tende a reduzir o consumo. O spread bancário, que mede a diferença entre o custo de captação e as taxas cobradas dos clientes, também apresentou alta no mês, reforçando o custo financeiro para famílias e empresas.


Modalidades com maior impacto no orçamento familiar

Entre as opções de crédito, o rotativo permanece como a modalidade mais cara do mercado. Mesmo com limitações na cobrança de juros desde janeiro do ano passado, a taxa continua em patamares elevados. O crédito pessoal não consignado subiu 5,5 p.p. no mês, para 106,6% ao ano, e o crédito parcelado avançou 3,2 p.p., para 181,2% ao ano. Em 12 meses, esses movimentos contribuíram para elevar o custo total do crédito para as famílias.

O crédito direcionado — com regras definidas pelo governo — apresentou taxas mais contidas: 10,9% ao ano para pessoas físicas e 11,8% ao ano para empresas. No conjunto, o estoque de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 6,971 trilhões de reais, com expansão mensal de 0,9%, puxada pela evolução das carteiras de crédito para famílias e empresas.

No âmbito do endividamento, a inadimplência acima de 90 dias ficou em 3,8% em novembro, com maior incidência entre pessoas físicas (4,7%) do que entre empresas (2,3%). A relação entre o saldo de dívidas e a renda acumulada em 12 meses ficou em 49,3% em outubro, com 30,9% de endividamento quando excluído o financiamento imobiliário. A parcela da renda comprometida com dívidas ficou em 29,4% no mesmo período, indicando pressão relevante sobre o orçamento doméstico.

O crédito ampliado ao setor não financeiro — que reúne fontes bancárias, mercado de títulos e dívida externa — somou 20,341 trilhões de reais, com alta de 1,4% no mês e 11,2% em 12 meses, sinalizando oferta de crédito disponível, ainda que o custo de novas operações permaneça elevado. Com informações da Agência Brasil.