
Após dias de negociação entre delegações americanas e ucranianas em Miami, os EUA apresentaram uma versão reformulada de um plano de 20 pontos que busca desenhar caminhos para segurança, economia e governança em meio ao conflito com a Rússia. A Ucrânia afirma que ainda não há consenso sobre o futuro territorial, e o Kremlin informou que recebeu a proposta e planeja responder em breve. Zelensky sugeriu um encontro de líderes para discutir temas sensíveis, incluindo a possibilidade de diálogo com o presidente dos EUA.
Principais pilares da proposta e impactos para a segurança
O documento reafirma a soberania ucraniana e prevê um acordo robusto de não agressão com mecanismos de monitoramento. Entre os compromissos, a Ucrânia manterá uma força de defesa de até 800 mil homens, e aliados ocidentais assumiriam garantias de segurança semelhantes ao Artigo 5 da OTAN. O texto também prevê a Ucrânia se tornar membro da União Europeia em data definida, com acesso preferencial ao mercado europeu, além de um forte pacote de desenvolvimento e fundos para reconstrução estimados em centenas de bilhões de dólares, apoiando a recuperação econômica.
A parte econômica inclui um acordo de livre comércio com os EUA acelerado e a criação de fundos dedicados à recuperação e à prosperidade de áreas afetadas pelo conflito.
Zaporizhzhia e governança nuclear: o debate sobre a usina
Sobre a Usina de Zaporizhzhia, as propostas variam: os EUA sugerem operação conjunta entre Ucrânia, Estados Unidos e Rússia, com 33% de participação para cada país; a Ucrânia, por sua vez, defende uma gestão igual entre EUA e Ucrânia, com Kiev recebendo metade da energia produzida e os EUA podendo destinar a outra metade conforme desejar. O desfecho dessa questão é visto como crucial para a estabilidade energética regional.
Territórios, linhas de controle e próximos passos diplomáticos
Quanto aos territórios em disputa, as partes sinalizam a criação de zonas desmilitarizadas e uma zona econômica livre ao longo da linha de frente na área de Donetsk sob controle ucraniano. A Rússia propõe retirada de tropas em áreas mantidas por ela, enquanto Kiev pleiteia um cessar-fogo apenas na situação atual. Um comitê humanitário seria criado para facilitar trocas de prisioneiros e aliviar o sofrimento de civis, com um cronograma para eleições no país após a assinatura do acordo.
O texto também prevê que, após chegar a um entendimento sobre arranjos territoriais, as linhas definidas não devem ser alteradas por meio da força. O acordo contemplaria ainda uso livre do rio Dnipro e do Mar Negro, com um acordo marítimo separado para acesso e navegação, incluindo a desmilitarização da saída do Dnipro para o mar em Kinburn. Um conselho de paz, presidido pelo presidente dos EUA, faria a supervisão do cumprimento, com a participação de Ucrânia, Europa, OTAN, Rússia e Estados Unidos, além da imposição de sanções em caso de violações. A implementação entraria em vigor com o cessar-fogo total assim que todos concordarem.





