‘Grande grupo brasileiro’: o elo do caso Jeffrey Epstein com o Brasil revelado em novos documentos


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"title": "Epstein no Brasil: novos documentos dos EUA revelam a atuação de um grande grupo brasileiro",
"content_html": "<p>Novos documentos liberados pelo Departamento de Justiça dos EUA, acompanhados de anotações de uma entrevista do FBI, lançam luz sobre a possível relação de Jeffrey Epstein com o Brasil. Entre os trechos, surge a menção a um grande grupo brasileiro, insinuando redes de exploração articuladas em território nacional. Os arquivos, tornados públicos após decisão do Congresso, reúnem grande volume de materiais — fotos, vídeos e notas — mas permanecem amplamente redigidos, o que dificulta identificar pessoas e entender completamente o contexto.</p><h2>O que dizem os documentos liberados</h2><p>O material inclui uma entrevista do FBI datada de 2 de maio de 2019. Em anotações, há referências a indivíduos que teriam sido apresentados como possíveis alvos de encontros sexuais, inclusive menores. Uma passagem descreve uma rede de contatos informais envolvendo alguém identificado por sigla JE, possivelmente Epstein, e menciona que ele questionava o perfil das meninas, com uma preferência por não desejar garotas de pele mais clara ou de origem latina, segundo o relato. O contexto é fragmentado por censuras, e a própria descrição aponta que o material original traz notas sobre retorno ao Brasil e atividades associadas a viagens internacionais.</p><p>O documento também descreve fotos com legends sobre festas e desfiles brasileiros, mas as tarjas impedem a identificação de locais e pessoas envolvidas. A referência a um retorno ao Brasil e a menções sobre idade das vítimas reforçam a preocupação com redes de exploração que cruzam fronteiras.</p><p>Autoridades e jornalistas têm destacado que essas informações, mesmo parcialmente redigidas, ajudam a construir um retrato de como o complexo sistema de abusos funcionou em diferentes países e continentes.</p><h2>Brasileiros na mira e o papel de agências de modelos</h2><p>Além das menções recentes envolvendo o Brasil, houve relatos anteriores de que um parceiro conhecido de Epstein atuou no Brasil em 2019. Jean-Luc Brunel, ex-agente de modelos francês, foi cofundador de agências de renome e está ligado a acusações de tráfico de jovens para o mundo da moda. Brunel foi encontrado morto na prisão em Paris em 2022, ainda sob investigação por supostas abordagens de jovens entre 15 e 18 anos na França. Documentos judiciais dos EUA indicam que Brunel recrutava garotas para Epstein, prometia contratos no meio da moda e as encaminhava entre França e Estados Unidos.</p><p>De acordo com reportagens citadas pela BBC News Brasil, Brunel visitou Brasília em 2019 em busca de modelos para possíveis campanhas internacionais. A Mega Model Brasília afirmou que nenhum modelo da agência viajou com Brunel e que o diretor da agência não teve contatos diretos com Epstein. A agência também indicou que Brunel esteve em outras cidades do país, e que as relações entre agentes internacionais e agências brasileiras geraram debates sobre possíveis vias de deslocamentos de jovens para o exterior. Globalmente, veículos como The Guardian seguiram a linha de que Brunel mantinha atividades de busca de novas modelos para ampliar redes internacionais.</p><p>A narrativa local é acompanhada por declarações de autoridades brasileiras que disseram à BBC News Brasil que o governo não tinha identidade de ações anteriores, ressaltando que assuntos de investigações costumam ser tratados pela Polícia Federal, com o Itamaraty mantendo a posição de encaminhar questões relevantes às autoridades competentes. Em Brasília, Nivaldo Leite, diretor da Mega Model, garantiu que a agência não houve contato formal com Epstein e que não houve viagens de modelos ligadas à agência associadas a ele.</p><h2>Impacto, contexto e próximos passos</h2><p>Especialistas destacam que os novos documentos reforçam a dimensão transnacional da exploração sexual e sugerem que redes associadas a Epstein podem ter ligação com atividades no Brasil, mesmo com grande parte do material ainda redigido. A divulgação provocou pressão pública para que melhores informações cheguem ao público, enquanto autoridades brasileiras sinalizam que qualquer apuração deve seguir os trâmites oficiais, com cooperação entre órgãos brasileiros e instituições norte-americanas. A cobertura internacional, aliada a denúncias de vítimas, mantém o debate vivo sobre responsabilização de envolvidos e sobre o papel de agências de modelos e intermediários no entorno de tais redes."}
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