Confissões do piloto de Pablo Escobar: leão de estimação, salários milionários e o transporte de toneladas de cocaína


Uma entrevista publicada em 2025 reacende a memória de uma das operações mais rentáveis da história do tráfico. Tirso Dominguez, piloto contratado por Pablo Escobar nos anos 80 e início dos 90, contou em detalhes sua trajetória, desde o começo na aviação até a consolidação de uma rede de contrabando capaz de movimentar toneladas de cocaína entre a Colômbia, as Bahamas e os Estados Unidos.


Quem foi Tirso Dominguez, o piloto que cruzou as linhas do Escobarismo

A história de Dominguez começa após a morte do pai, um empreendedor que enfrentava dívidas e deixou um empréstimo pesado com bancos. Sem acesso a capital, ele decidiu aprender a pilotar para levantar dinheiro e acabou entrando no mundo do contrabando, inicialmente com maconha entre as Bahamas e a Colômbia.


Com a aproximação de Pablo Escobar, a relação de Dominguez com o tráfico se intensificou. Segundo ele, o primeiro voo com cocaína rendeu lucros significativos, o suficiente para atrair o interesse do contrabandista mais famoso da época. Escobar passou a oferecer um acordo de quatro voos mensais, cada um rendendo cerca de US$ 5 milhões.

Essa estrutura fez com que o faturamento mensal do piloto chegasse a valores da casa de dezenas de milhões de dólares, montante que, segundo cálculos de inflação usados pela reportagem, equivalia a algo em torno de R$ 332 milhões por mês.

Luxo, poder e os limites da operação

Ao longo do tempo, Dominguez descreveu uma rotina marcada pelo contraste entre o dia, quando operava uma frota de Lamborghinis, e a noite, quando carregava as remessas para Escobar. A narrativa inclui detalhes como a posse de dezenas de veículos de alto luxo, uma mansão de padrão suntuoso e até a aquisição de um leão-da-montanha como animal de estimação. Em paralelo, ele relata terem ocorrido incidentes que mostraram o custo humano da atividade, como o desvio de US$ 800 mil em maconha para o destino errado, o que desencadeou ações violentas por parte dos fornecedores.

Entre as confidências, ele afirma que a estratégia de recuperação de prejuízos envolvia acelerar as remessas de cocaína, algo que a narrativa da época associou ao que ele chamava de uma das operações mais lucrativas do tráfico mundial.

O desfecho: prisão, confissão e o peso da dívida com a sociedade

Em 1991, já próximo de tempos turbulentos para Escobar, Dominguez reconheceu culpa em crimes de contrabando de cocaína e maconha, além de lavagem de dinheiro, e foi condenado a cumprir 13 anos de detenção. Hoje, aos 73 anos, ele afirma ter pago a suposta dívida com a sociedade e expressa o desejo de seguir como empreendedor, longe do cenário que o levou a entrar para o mundo do contrabando.