
Em meio ao adiamento da assinatura para janeiro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou aos líderes da União Europeia que há apoio suficiente entre os Estados-membros para avançar com o acordo comercial com o Mercosul. A sinalização ocorreu durante as discussões da cúpula, em um momento de acirradas negociações internas e de pressão de setores agrícolas. A assinatura prevista para este fim de semana foi remarcada, com a expectativa de formalizar o entendimento no início do próximo ano.
Apoio desigual dentro da União Europeia
Na prática, o bloco segue dividido. França mantém resistência, exigindo salvaguardas para agricultores franceses. Macron afirmou que o acordo não pode ser assinado sem garantias para o setor. Por outro lado, Alemanha e Espanha defendem o avanço, ressaltando que o pacto pode ampliar mercados e reduzir dependência de terceiros. A Itália aparece com uma posição de cautela: o governo de Giorgia Meloni sinalizou disposição para assinar assim que as demandas agrícolas forem atendidas pela Comissão Europeia.
Como funciona a aprovação
Ao contrário do Legislativo, que requer maioria simples, o acordo depende do Conselho Europeu para autorizar formalmente a ratificação pela Comissão. O Conselho exige maioria qualificada: apoio de ao menos 15 dos 27 Estados-membros, representando 65% da população da UE. Esse é o principal ponto de pressão que pode frear ou acelerar o processo, dependendo do alinhamento entre os países com interesses divergence em setores como indústria, serviços e agricultura.
Reações internacionais e Brasil
Do lado externo, o Brasil acompanha com cautela: o presidente Lula manteve contato com a imprensa para indicar que o Brasil continua otimista de que o acordo possa ser ratificado, desde que haja convergência sobre as principais demandas agrícolas. Entre os membros da UE, França, Itália, Alemanha e Espanha ocupam o centro do debate, com Macron defendendo resistência e Merz e Sánchez defendendo o avanço. A narrativa internacional também envolve o cenário de que a assinatura, se concretizada, consolidaria a maior zona de livre comércio do mundo, entre a UE e o bloco sul-americano.
Protestos na UE e impacto agrícola
Enquanto as negociações se desenrolam, agricultores de várias nações organizaram protestos em Bruxelas para expressar preocupações com a política agrícola da UE e com o funcionamento do acordo. Tratores foram mobilizados perto do Parlamento Europeu; houve confrontos com a polícia e danos a instalações próximas, sinalizando o grau de pressão social que envolve a decisão.
Próximos passos e perspectivas
Com a assinatura adiada, a janela de decisão passa a depender de como os Estados-membros conciliam interesses divergentes no Conselho. Caso o acordo obtenha aprovação, ainda há a expectativa de uma rodada de ratificação brasileira caso haja sinal verde no Conselho, mas autoridades indicam que isso não deve ocorrer ainda neste ano. O desfecho permanece incerto e dependerá de negociações internas ao bloco nas primeiras semanas de 2025.





