Como Alemanha e Espanha pressionam a UE a avançar no acordo Mercosul-UE: impactos econômicos e o impasse político na agenda europeia


À margem da cúpula da União Europeia em Bruxelas, Alemanha e Espanha pediram clareza e celeridade na conclusão do acordo de livre comércio entre a UE e Mercosul, que já tramita por cerca de 25 anos. Os defensores argumentam que, em meio a tensões comerciais globais, o texto pode ampliar opções de acesso a mercados, minerais estratégicos e insumos, contribuindo para a diversificação das cadeias produtivas europeias. Ainda assim, o avanço depende do apoio de etapas decisivas no Conselho Europeu, que reúne 27 Estados-membros.


O que está em jogo no Conselho Europeu e por que o tema é tão sensível

Para formalizar a ratificação, o Conselho Europeu precisa aprovar por maioria qualificada, o que exige apoio de pelo menos 15 países representando 65% da população da UE. A combinação de resistência de alguns membros — em especial França, Polônia e, potencialmente, Bélgica e Áustria — torna o desfecho incerto, mesmo com o respaldo de Alemanha, Espanha e outros. A Itália surge como fator decisivo, dada sua posição demográfica e o peso do bloco no processo.


Por que defensores veem ganhos econômicos e estratégicos

Analistas destacam que o acordo não se restringe a questões agrícolas: ele envolve indústria, serviços, investimentos e propriedade intelectual. O objetivo é ampliar o acesso a mercados da América do Sul, diversificar cadeias produtivas e favorecer setores europeus, desde manufatura até tecnologia e energia. Além disso, defensores defendem que o pacto pode amenizar os efeitos de tarifas dos EUA sobre produtos europeus e reduzir a dependência da China, ampliando fontes de minerais e insumos.

Reação francesa e possíveis impactos sobre agricultores e normas ambientais

Paris mantém resistência, exigindo salvaguardas adicionais para a agricultura europeia. O presidente Emmanuel Macron já sinalizou que não apoiará o acordo sem garantias para agricultores franceses. Paralelamente, o Parlamento Europeu aprovou salvaguardas para produtos sensíveis — como carne bovina, aves e açúcar — introduzindo mecanismos de monitoramento de impactos.

Próximos passos e o caminho de aprovação

Com as salvaguardas aprovadas, a decisão passa ao Conselho, que precisa alcançar uma maioria qualificada para autorizar a Comissão a ratificar o acordo. Caso haja oposição significativa, o acordo pode ficar emperrado, ampliando o atrito entre os governos europeus e provocando atrasos na agenda de liberalização comercial.