
O governo de Nicolás Maduro afirmou que as exportações de petróleo e a navegação dos navios petroleiros venezuelanos permanecem em operação apesar do bloqueio total anunciado pelo presidente dos Estados Unidos. A declaração oficial, publicada por autoridades e pela estatal PDVSA, ressalta que embarcações seguem saindo e entrando com garantias de segurança, enquanto Caracas prepara recurso à Organização das Nações Unidas contra o que chama de violação do direito internacional.
O que diz Caracas e qual o impacto imediato
A vice-presidente Delcy Rodríguez e comunicados da PDVSA garantiram que as rotinas de embarque de petróleo bruto e derivados continuam “funcionando” e que os navios vinculados às operações estatais recebem suporte técnico e proteção operacional. Segundo o governo venezuelano, essas ações estariam amparadas pelo direito à livre navegação e ao comércio internacional.
O anúncio americano — em que o presidente afirmou que a Venezuela estaria “completamente cercada” por um amplo aparato naval e determinou bloqueio a petroleiros já sancionados — elevou a tensão diplomática e expõe risco de conflitos legais e operacionais no Caribe. Caracas classificou as medidas como uma “ameaça grotesca” e declarou intenção de levar o caso à ONU.
Contexto das sanções, apreensões e estratégias de operação
Desde 2019, sanções norte-americanas sobre o setor petrolífero reduziram a capacidade de exportação venezuelana, mas o país ainda despeja no mercado cerca de 1 milhão de barris por dia, segundo estimativas citadas por especialistas. Analistas apontam que parte dessas vendas tem sido viabilizada por táticas como mudança de nome e de bandeira de navios — a chamada frota de “navios fantasmas” — e transferências discretas entre embarcações para driblar restrições.
Operações de interceptação realizadas pelos EUA também tiveram impacto direto: uma apreensão em alto-mar, atribuída a um petroleiro ligado a sanções, foi classificada por Caracas como ato de “pirataria naval” e, posteriormente, monitoramentos indicaram milhões de barris retidos em águas venezuelanas após a ação. Fontes privadas estimam que uma parte significativa da frota mundial já foi usada para transportar óleo de países sob sanções.
Risco de escalada e repercussões no mercado
Especialistas e operadores de embarque alertam que medidas de bloqueio e apreensão podem provocar rupturas logísticas, atrasos em carregamentos e aumento de custos de seguro e escolta marítima, com efeitos sobre a oferta regional. Por outro lado, Caracas busca legitimar sua postura apontando para normas internacionais que garantem passagem e comércio, e prepara contestações jurídicas em instâncias multilaterais.
No plano político, o episódio aprofunda o confronto entre Washington e Caracas, com acusações mútuas que abrangem desde financiamento de grupos ilícitos até violações soberanas. A incerteza sobre novas ações de apreensão, mudanças de rotas e medidas de retaliação mantém em alerta governos, companhias marítimas e mercados de energia.
O que observar nas próximas semanas
Fique atento a três pontos-chave: eventuais novas apreensões ou ordens de bloqueio que afetem navios sancionados; medidas legais ou diplomáticas de Caracas junto à ONU; e sinais de entretenimento ou mudança nas rotas comerciais que indiquem tentativa sistemática de desviar embarques. A combinação entre pressão militar e manobras comerciais continuará a moldar o fluxo de petróleo da Venezuela e a dinâmica regional no curto prazo.





