
Em viagem à Argentina, o presidente eleito do Chile anunciou uma proposta dirigida a líderes da região: a criação de um corredor humanitário para viabilizar o retorno de estrangeiros que vivem no país sem documentação. Segundo Kast, a entrada irregular teria sobrecarregado serviços públicos e exige uma resposta coordenada entre países vizinhos.
Proposta e justificativa
Kast afirmou que a migração venezuelana aumentou porque o Chile oferecia maior estabilidade econômica e acesso a serviços. Hoje, disse, há centenas de milhares de estrangeiros em situação irregular — estimativa pessoal que colocou acima de 300 mil — e isso geraria pressão em áreas como saúde, educação, moradia e segurança.
O presidente eleito deixou claro que não se opõe à imigração regular: “Não temos problema em receber quem chega com contrato de trabalho e se identifica na fronteira”, declarou, segundo relato da coletiva. O alvo de sua proposta são, afirmou, entradas sem controle documental.
Encontro com Milei e alinhamento regional
A declaração ocorreu após a primeira reunião oficial entre Kast e o presidente argentino Javier Milei, realizada na Casa Rosada. No encontro, além de migração, os dois trataram de temas como segurança regional, combate ao crime organizado e comércio. A aproximação sinaliza intenção de coordenação entre governos de direita na agenda de fronteiras e segurança.
Posição sobre a Venezuela
Além das questões migratórias, Kast qualificou o governo venezuelano como uma “narcoditadura” e declarou apoio a iniciativas que visem a saída de Nicolás Maduro do poder, chegando a afirmar que aceitaria uma intervenção dos Estados Unidos nesse objetivo. Ele reconheceu, porém, que o Chile não tem capacidade para agir sozinho e colocou a solução na esfera de uma ação internacional.
Medidas anunciadas e possíveis repercussões
Na campanha, Kast defendeu medidas rígidas de controle fronteiriço, incluindo barreiras físicas e mobilização de forças militares para conter entradas. Sua promessa de endurecer a política migratória e expulsar estrangeiros sem documentos faz parte de uma agenda mais ampla de segurança pública que marcou sua vitória eleitoral.
Especialistas e organizações que acompanham migração costumam lembrar que qualquer retorno forçado precisa respeitar normas internacionais de direitos humanos e avaliar riscos à integridade das pessoas. A proposta de um corredor de devolução, se avançar, exigirá negociações bilaterais e multilaterais para conciliar objetivos de controle migratório com compromissos humanitários.
No plano político, as declarações reforçam o alinhamento entre líderes conservadores da região e abrem caminho para debates sobre cooperação fronteiriça, soberania e a melhor forma de tratar fluxos migratórios que envolvem crise, segurança e proteção social.





