
As urnas fecharam no Chile e a contagem dos votos do segundo turno começou em meio a expectativa nacional e atenção internacional: de um lado, José Antonio Kast, representante da direita mais dura, aparece à frente nas pesquisas; do outro, Jeannette Jara tenta consolidar a continuidade das políticas de centro‑esquerda do governo atual. A disputa decide não só o próximo presidente, mas também a direção das políticas de segurança, migração e trabalho no país.
Como chegam os candidatos ao segundo turno
José Antonio Kast, 59 anos, lidera o Partido Republicano e construiu a campanha em torno do endurecimento da política de segurança e do controle de fronteiras. Propõe medidas duras contra a imigração irregular — incluindo o que chama de um “escudo fronteiriço” — e maior presença das forças armadas e polícia em áreas com crimes elevados. Kast já foi crítico em relação ao regime de Augusto Pinochet no passado, mas sua agenda social conservadora e proposta de linha dura o colocam como o candidato mais à direita desde 1990.
Jeannette Jara, 51 anos, ex‑ministra do Trabalho e filiada ao Partido Comunista, avançou ao segundo turno com uma plataforma centrada em ampliar renda e direitos sociais. Entre suas propostas, está o aumento do salário mínimo para patamares substanciais e a continuidade de reformas trabalhistas e previdenciárias que marcaram sua atuação no gabinete. Jara também apresentou um plano de controle migratório que prevê fiscalização das passagens clandestinas e identificação de eventuais criminosos entre os irregulares.
Temas que pesaram na decisão dos eleitores
A segurança pública dominou a agenda eleitoral. Pesquisas indicavam que cerca de 63% da população apontava a criminalidade como sua maior preocupação, num cenário em que registros oficiais mostram crescimento expressivo de homicídios na última década e aumento dos casos de sequestro. Essa sensação de insegurança impulsionou o voto em propostas de maior rigidez nas fronteiras e policiamento mais ofensivo.
Ao mesmo tempo, questões econômicas e sociais, como salário mínimo e reformas trabalhistas e previdenciárias, foram decisivas para parcelas do eleitorado preocupadas com renda e condições de trabalho. A combinação desses temas ajudou a formar uma eleição marcada por polarização ideológica e por mensagens que apelam tanto ao medo da violência quanto à busca por mais justiça social.
O que está em jogo agora e próximos passos
Analistas apontam que uma vitória de Kast representaria uma guinada significativa à direita, interrompendo ciclos eleitorais recentes em que poder alternou entre forças moderadas e progressistas. Para Jara, a vitória seria a continuidade das reformas iniciadas pelo governo de centro‑esquerda e um reforço das pautas sociais no topo da agenda pública.
À medida que a apuração avança, observadores institucionais e imprensa internacional acompanham a totalização dos votos — processo que pode levar horas e inclusive dias para consolidar resultados definitivos em algumas regiões. O resultado final definirá não apenas políticas domésticas imediatas, mas também o posicionamento do Chile na cena regional nos próximos anos.
Os números oficiais serão divulgados gradualmente pelas autoridades eleitorais conforme a contagem se completa; até lá, as projeções das pesquisas e o clima nas ruas permanecem como termômetros da eleição.





