Em Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), uma pesquisa obteve dados citogenéticos – informações sobre a biologia celular – de 12 espécies de animais e vegetais. O estudo, apoiado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), busca auxiliar na identificação e na conservação de espécies ameaçadas de extinção, além de permitir o reconhecimento da diversidade genética da fauna e flora amazônica.
O levantamento, que está sendo realizado na área de Proteção Ambiental da Caverna do Maroaga e entorno da Reserva Biológica do Uatumã, trouxe explicações sobre a estrutura e a organização dos genomas de plantas, como as bromélias e, também, de diversos anfíbios, entre os quais, sapos venenosos. Pelo genoma, que é a sequência completa de DNA de um organismo, é possível desvendar a história evolutiva dessas espécies.
Segundo o coordenador da pesquisa, o doutor em Ciências Biológicas, Diego Sotero, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), as informações citogenéticas de determinada espécie são obtidas por meio da análise dos cromossomos, estruturas que carregam o material genético (DNA) das células.
“Esperamos reunir dados de cromossomos inéditos para a ciência, uma vez que parte das espécies que compõem os grupos estudados não dispõem de informações básicas na literatura”, destacou.
Ecoturismo
Por analisar dados da fauna e flora em áreas com elevado uso no turismo ecológico, além dos avanços científicos que permitem disponibilizar informações biológicas de animais e plantas, os resultados do estudo também têm potencial para fortalecer o ecoturismo regional.
“Assim, esperamos contribuir com a redução da lacuna de conhecimentos de espécies-chave potencialmente utilizadas no contexto ecoturístico, a partir dos levantamentos florísticos e faunísticos que serão transformados em cartilhas educativas”, informou o pesquisador.
Ao todo, 16 pesquisadores de áreas como genética, ecologia, citogenética vegetal, citogenética animal e taxonomia vegetal participam do estudo. A equipe conta com colaboradores vinculados à Ufam, ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e ao Instituto Tecnológico Vale (ITV). Iniciado em 2021, a previsão é que a pesquisa seja concluída no primeiro semestre deste ano.
Contribuição valiosa
Para o coordenador do estudo, a Fapeam possibilita que avanços científicos sejam feitos em diversas áreas na Amazônia, por meio de um consolidado apoio aos pesquisadores da região.
“Acreditamos que a Fapeam se configura como uma das principais Fundações de Amparo à Pesquisa do Brasil, por proporcionar editais e possibilidades de geração de conhecimento”, ressaltou.
O estudo recebe fomento da Fapeam por meio do edital Nº 007/2021 do Programa Biodiversa, que apoia propostas de pesquisa científica, tecnológica, inovação e de transferência tecnológica, coordenadas por pesquisadores residentes no estado do Amazonas, vinculados às instituições de ensino e pesquisa.