O motorista de aplicativo Edson Araújo se destacou dos seus colegas oferecendo um serviço especializado no Rio de Janeiro: o transporte em segurança de fiéis de religiões de matriz africana. Ele viralizou nas redes sociais com um apelido: Macumber. A ideia surgiu a partir da própria experiência, quando recebia olhares atravessados ao ir para cerimônias.
“Assim que eu comecei a trabalhar em aplicativo, eu já senti o desejo de fechar este tipo de serviço. Porque eu mesmo já sofri formas de discriminação quando eu ia para algum lugar trajado com a roupa do Candomblé. Então pensei em criar um tipo de serviço onde as pessoas de religiões de matriz africana pudessem se sentir confortáveis e sem medo”, afirmou Edson.
No anúncio que fez sucesso nas redes sociais, ele explica o serviço: “Vai para saída de santo e não tem como voltar? Macumber é a solução”.
Um relatório da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa mostra que as religiões de matrizes africanas foram as que mais sofreram ataques no ano passado no Rio. Das 47 denúncias identificadas pelo Observatório de Liberdade Religiosa, 43 foram contra as religiões de origem africana, o que representa mais de 91% dos casos.
Edson, de 36 anos, procurou o trabalho de motorista de aplicativo para ter uma renda há três meses, após ficar seis meses desempregado. Desde o começo, ele já pensou em oferecer o serviço voltado para pessoas da mesma religião que ele. Atualmente, 70% dos clientes são da Umbanda ou Candomblé.
O motorista faz questão de destacar que o ideal é a conscientização e o fim do preconceito contra os fiéis de religiões de origem africana, mas a ideia é oferecer tranquilidade.
“Como eu mesmo já sofri discriminação, o intuito é minimizar esse dano. A gente faz o possível”, disse o motorista.
Com alguns clientes mais frequentes, que usam o serviço toda semana, ele já fechou pacotes de transporte para festas e rituais.
Macumber
O apelido que viralizou veio a partir do sucesso da propaganda do serviço em grupos de redes sociais.
“Eu tive a ideia do serviço e postei em grupos de Facebook. Aí, uma participante de um grupo gostou e compartilhou em um grupo privado. Ela entrou em contato comigo, disse que adorou e que ela e as amigas me apelidaram de ‘Macumber’. Eu adorei e perguntei se podia utilizar e ela deixou”, contou.
A participante, no caso, não chegou a fechar um serviço com Edson, por ser de outro estado, mas marcou com o nome que usa na propaganda do trabalho.
As informações são do G1.