Nesta quarta-feira (18), o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, fez um alerta para um “novo recorde” nos níveis globais de fome e para o alto número de pessoas em insegurança alimentar severa, que duplicou de 135 milhões, no período pré-pandemia, para 276 milhões nos dias de hoje.
A guerra na Ucrânia agravou o que já estava sendo considerada uma difícil situação, já que o conflito impossibilitou o escoamento adequado da grande produção de grãos no país do Leste Europeu e interrompeu cadeias de distribuição.
Guterres disse que está em “intenso contato” com Rússia, Ucrânia, Turquia, Estados Unidos e União Europeia, em um esforço para restaurar as exportações de grãos ucranianos à medida que a crise alimentar global aumenta.
“Estou esperançoso, mas ainda há um caminho a percorrer”, afirmou Guterres, que visitou Moscou e Kiev no final de abril. “As complexas implicações de segurança, econômicas e financeiras exigem boa vontade de todos os lados”.
Ainda na quarta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) já havia emitido um alerta para o número crescente de crianças sob risco de morrer de desnutrição severa.
Em reunião sobre segurança alimentar organizada pelos EUA, em Nova York, Guterres apelou à Rússia para permitir “a exportação segura de grãos armazenados nos portos ucranianos” e para que alimentos e fertilizantes russos, bem como os de Belarus, “tenham acesso total e irrestrito aos mercados mundiais”.
O conflito russo-ucraniano gerou um aumento disparado nos preços globais de grãos, óleos de cozinha, combustível e fertilizantes. Segundo Guterres, isso piorará a crise alimentar, energética e econômica nos países pobres.
“Ameaça levar dezenas de milhões de pessoas à insegurança alimentar, seguida de desnutrição e fome em massa e escassez de alimentos, em uma crise que pode durar anos”, disse.
De acordo com o secretário-geral, essa espiral de problemas terá um impacto devastador sobre as sociedades, como em crianças que podem sofrer os efeitos da malnutrição ao longo da vida, em “meninas que serão retiradas das escolas e forçadas a trabalhar ou a casar” e em “famílias que terão de embarcar em perigosas viagens continentais, apenas para sobreviver”.
As informações são do IG