O ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) afirmou em entrevista ao Uol nesta segunda-feira (30) que não se arrepende do cuspe que deu em direção ao então deputado e agora presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a votação pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016.
“Claro que faria novamente naquelas circunstâncias. Esse gesto ganha significado maior e é mais compreendido hoje do que naquele momento. Só lembro que cometi esse ato porque tem imagens, entrei em um tipo de transe”, afirmou ao Uol.
Em seu discurso a favor do impeachment de Dilma, Bolsonaro enalteceu o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe de um dos órgãos de repressão da ditadura militar.
“Não bastava humilhar publicamente e tirar o mandato eleito pelo povo, mas [o voto de Bolsonaro] implicava em reacender traumas terríveis dela, uma pessoa que nunca foi torturada pode nem ter ideia do que é isso e dessas feridas dentro de nós”, disse Jean.
Na época do impeachment da presidente petista, Jean e Bolsonaro eram deputados federais pelo Rio de Janeiro, por conta disso votaram no mesmo bloco.
“Quando fui votar em sequência [após Bolsonaro], fui votar em uma chuva de insultos. Como um país se prestava a essa vergonha? Que parlamento era aquele? Como eu tinha sido eleito e ia votar sob uma chuva de xingamentos homofóbicos? Quando voltei ao meu lugar, esse sujeito [Bolsonaro] fez um insulto homofóbico, que não vou reproduzir, e aí nessa hora entrei em um transe e cuspi na cara dele. Meu gesto foi o maior de dignidade da minha noite”, afirmou o ex-deputado ao Uol.