Tecnologia, criatividade e ludicidade são os critérios que os professores do Centro Municipal de Educação Integral (Cime) Viviane Estrela Marques Rodella, no bairro Lago Azul, zona Norte, usam para deixar as aulas das crianças da educação infantil ainda mais interessantes, por meio de aplicativos para editar e criar vídeos. As gravações complementam as atividades do projeto “Vamos Brincar!”, desenvolvido pela Prefeitura de Manaus, para atender os alunos de 1 a 5 anos de idade, durante o período de isolamento social.
A Secretaria Municipal de Educação (Semed) suspendeu as aulas presenciais em março do ano passado, devido à pandemia do novo coronavírus. Longe dos alunos fisicamente, muitos professores se reinventaram e escolheram a criatividade para ajudar a manter o fluxo de aprendizagem dos estudantes.
Beatriz Maciel, professora do 2º período do Cime Viviane Estrela, foi uma das primeiras a buscar novas alternativas e depois de algumas pesquisas na internet, aprendeu a roteirizar, gravar e editar vídeos.
“A ideia surgiu porque eu queria levar um pouco de alegria às crianças que estavam em isolamento. Queria fazer uma aula mais significativa, em que elas pudessem aprender brincando. Aí tive que me reinventar, buscar novas formas e maneiras de ensinar. Pesquisei o processo de edição de vídeo e aplicativos que pudessem me ajudar a desenvolver esse trabalho e deu certo”, explicou a professora.
O cenário das gravações é na base do improviso, com um TNT amarelo na parede, que forma o fundo neutro. O processo de edição do vídeo começa no computador, onde a professora coloca os GIFs e imagens, depois passa para o celular para inserir a imagem dela e após ser finalizado, o material é enviado aos pais por aplicativo de mensagens.
Motivação
A exemplo de Beatriz, a professora Ellen dos Santos, também do Cime Viviane Estrela, foi outra educadora a se aventurar nas gravações. E com um celular na mão, ela pensa em todos os detalhes para deixar o vídeo ainda mais atrativo aos alunos.
“Às sextas-feiras, eu preparo o meu planejamento com o roteiro das atividades detalhadas e chego a gravar um vídeo por dia, em casa mesmo. Coloco animações, músicas e encaminho para o WhatsApp dos pais, que desenvolvem com as crianças ações. O que fazemos é um complemento às aulas do projeto “Vamos Brincar!”, explicou Ellen.
A pequena Ana Beatriz Batista Reis, 5 anos, aluna do Cime Viviane Estrela, gosta muito das aulas e, principalmente, da professora da turma dela.
“A minha professora Ellen é muito legal. Com ela eu aprendo muitas coisas todos os dias. A gente faz vários desafios e atividades muito bacanas. A minha escola está de parabéns por ter uma professora muito competente e eu espero estudar com ela por muito tempo”, disse Beatriz.
O agente de portaria Stanley Reis é o pai da Ana Beatriz e de mais outras duas meninas. Ele conta que toda a família participa das atividades.
“De certa forma a gente volta a ser criança de novo. Tudo é muito divertido e conseguimos interagir com os coleguinhas da Ana e com a professora. Mas tem o lado difícil também, sentimos na pele o que um professor da educação infantil sente. Tem que ter paciência e dedicação. Mas juntos conseguimos fazer atividades bem legais”, completou.
Planejamento
O gestor do Cime Viviane Estrela, Anderson Rodrigues, afirma que o planejamento das aulas é realizado às sextas-feiras, com cada professor desenvolvendo, de forma individual, os conteúdos programáticos. Ainda segundo o gestor, não houve nenhuma formação sobre gravações de vídeos.
“De 27 professores do Cime, 14 fazem vídeos. Não teve treinamento, eles foram experimentando e aprendendo sozinhos. Desde que iniciamos a proposta de educação integral, a equipe ficou muito motivada em inovar suas práticas pedagógicas”, pontuou o diretor, que também falou sobre as ações para os alunos sem acesso a internet.
“Nós adotamos um procedimento semanal para atender aqueles alunos que não conseguem acompanhar as aulas nem pela internet e nem pela TV. A escola imprime todas as atividades e o pai ou responsável retira na unidade, durante a semana. Os estudantes respondem às tarefas em casa e devolvem ao professor, para que sejam corrigidas e já levam as próximas”, explicou o gestor.