71,7% dos brasileiros já apostaram; jogo do tigre é destaque

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Foto: Porapak Apichodilok/Pexels

O primeiro balanço oficial do mercado de apostas de quota fixa no Brasil, divulgado pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF), mostra a rápida consolidação do setor após a regulamentação em janeiro deste ano. Segundo o relatório, 17,7 milhões de brasileiros realizaram apostas online no primeiro semestre de 2025, número que representa 71,7% da população adulta.


As apostas movimentaram R$17,4 bilhões em receita bruta (GGR) entre janeiro e junho, de acordo com dados oficiais. Esse valor corresponde ao total de apostas feitas menos os prêmios pagos, ou seja, o gasto efetivo dos jogadores.

A média de gasto por apostador ativo foi de R$983 no semestre — cerca de R$164 mensais. Do montante, R$2,14 bilhões já foram destinados a áreas sociais previstas na lei de regulamentação, como esporte, turismo, segurança pública, saúde e educação.

O impacto na arrecadação também é expressivo: a Receita Federal informou que, apenas nos sete primeiros meses de 2025, a tributação de bets e loterias rendeu R$4,73 bilhões aos cofres públicos. O governo ainda prevê aumento, já que a alíquota de tributação sobre a receita líquida (GGR) deve subir de 12% para 18% a partir de novembro.

Quem são os apostadores

O perfil traçado pelo Sistema Geral de Gestão de Apostas (Sigap) mostra que a maioria dos apostadores é do sexo masculino (71,1%), enquanto mulheres representam 28,9%. A faixa etária mais presente é a de 31 a 40 anos (27,8%), seguida pelos jovens de 18 a 25 anos (22,4%) e de 25 a 30 anos (22,2%).

Esses números confirmam a penetração das apostas digitais em todas as camadas da população, e representam crescimento em relação aos números do primeiro trimestre.

Combate ao mercado ilegal

A regulamentação trouxe não apenas arrecadação, mas também uma estratégia mais forte de fiscalização. Desde outubro de 2024, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a SPA bloquearam 15.463 páginas ilegais de apostas.

No sistema financeiro, 255 contas de pessoas físicas e jurídicas foram encerradas por envolvimento com operações irregulares. Além disso, 112 páginas de influenciadores e 146 publicações em redes sociais foram removidas por promoverem apostas sem autorização.

O governo também firmou parcerias com gigantes da tecnologia como Google, Meta, TikTok, Kwai e Amazon, para acelerar a derrubada de anúncios e perfis ligados ao mercado ilegal.

O fenômeno do jogo do tigre

Se na esfera econômica os números impressionam, no entretenimento digital um jogo em especial segue como fenômeno cultural. O Fortune Tiger, popularmente conhecido como tigrinho ou jogo do tigre, liderou a preferência dos apostadores em julho de 2025, concentrando 42,5% de popularidade e quase 14% das rodadas realizadas.

O título supera de longe concorrentes como Fortune Rabbit, Cachorro Sortudo e Fortune Dragon, e tornou-se símbolo da onda de cassinos virtuais no Brasil. A simplicidade da mecânica e a alta taxa de engajamento explicam parte de seu sucesso.

Com números robustos de adesão, fiscalização mais rígida e jogos populares ditando tendências, o mercado de apostas de quota fixa se firma como um dos setores mais dinâmicos da economia digital brasileira. O desafio daqui em diante será manter o equilíbrio entre crescimento econômico, responsabilidade social e combate ao mercado ilegal.